quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Flanelinhas abusam e exploram até na Zona Azul


O dia mal amanhece e lá já estão eles: os flanelinhas. Cobram de R$ 10 a 15 reais por um espaço e marcam territórios em áreas privadas e em ruas fora da área demarcada pela Zona Azul. Os motoristas - a maioria sem opção, - pois falta local para estacionar -, se sentem ameaçados e acabam pagando pelo preço caro. Exatamente como ocorre na Rua Argentina, localizada no Comércio, onde 12 vagas destinadas aos funcionários do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) (conforme placa indicativa fixada no local) são comercializadas, ilegalmente, por dois homens identificados como Café e Balbino.  A denúncia foi feita a equipe de reportagem desta Tribuna, que constatou a veracidade da informação. Eles se apresentam como os ‘donos’ das vagas e cobram pelo serviço.


“É um verdadeiro caos. Nós pagamos impostos e ainda temos que pagar a cada lugar que vamos de carro. Essa falta de respeito não se resume somente aqui no Comércio, mas sim por toda parte da cidade e ninguém faz nada. Se a pessoa negar em pagar, pode ter o carro arranhado ou outra coisa pior pode acontecer”, ressaltou o comerciante Fábio Lotos.

Durante trinta minutos que a reportagem permaneceu no local, o homem identificado como Café monitorava as vagas. No mesmo intervalo de tempo, dois motoristas que não eram funcionários do TRT, pediram as chaves dos carros que estavam com ele e pagaram R$ 5 cada um. Minutos depois, uma mulher estacionava em uma das vagas, mas Café, ao visualizar a reportagem não permitiu que a mesma parasse com o veículo. Um pouco adiante, o guardador de carros recebia mais R$ 5 e ficou com as chaves do veículo nas mãos para manobrá-lo. Até um funcionário do TRT confirmou que paga pelo espaço, mas negou em dizer quanto.

Café trabalha no local há mais de dez anos e, segundo ele, não obriga os clientes a pagarem. “Eu ganho gorjetas dos motoristas”, afirmou. “Eu fico aqui monitorando as vagas do TRT. Os funcionários acabam me dando uma ajuda”, disse Café.

Já um comerciante que preferiu o anonimato, disse que Café abusa dos clientes e quem não paga, não tem permissão para estacionar. “Café já foi detido porque discutiu com uma senhora e chegou ameaçar a mulher que queria estacionar na vaga sem pagar. Esse abuso é uma falta de respeito e os órgãos públicos não tomam atitude. Até os agentes da Transalvador passam no local, presenciam essa extorsão e não fazem nada”, relatou. Em outras ruas do Comércio, a reportagem constatou que até funcionários da Zona Azul cobram R$ 15 reais a depender das horas que o carro permanece no local.

O juiz diretor do fórum do DRT, Paulo Temporal, demonstrou surpreso nos casos em que funcionários do órgão pagam aos flanelinhas, mas salientou que as vagas são da prefeitura e não somente ali, ocorre abuso dos guardadores de carros. “O bairro do Comércio vive sofrendo abuso dos flanelinhas. Existem casos que os motoristas são ameaçados quando recusam o pagamento, mas essa situação se prolifera por todo o bairro e cabe a prefeitura fiscalizar isso. E essas vagas destinadas aos funcionários do TRT, ficam numa área fora do órgão e não temos como controlar”, relatou o juiz.

Regularização de flanelinhas na Barra


Em reunião realizada nesta terça-feira (22) entre a prefeitura, Polícia Militar, Associação dos Moradores e Amigos da Barra (Ama-Barra), Sindicato de Guardadores de Carros de Salvador (Sindguarda) e cerca de 25 guardadores de carro informais, apelidados de flanelinhas, foi decidido  que será ordenado e regularizado a atividade, no bairro da Barra.

O encontro foi uma iniciativa do Sistema Integrado de Administração Regional (Siga VI - Barra). E, na próxima terça-feira(29), haverá outro encontro, para que os guardadores apresentem os documentos necessários para a filiação no Sindguarda.

O presidente do sindicato, Melquisedeque de Souza, informou que cerca de 40 guardadores irregulares atuam na Barra.

Para a filiação, os guardadores precisam apresentar RG, CPF, carteira de trabalho, título de eleitor, certificado de reservista (para homens), comprovante de residência, certidão negativa e antecedentes criminais.  

Tribuna da Bahia

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