A Polícia Militar do Rio de Janeiro divulgou um novo balanço da operação policial na Favela de Antares, em Santa Cruz, durante a qual foi morto o repórter cinematográfico da TV Bandeirantes Gelson Domingos da Silva. A operação foi encerrada na noite de domingo com um total de nove pessoas presas. Gelson, de 46 anos, filmava a ação dos policiais, quando foi atingido por um tiro de fuzil. Ele usava colete à prova de balas, mas o equipamento não foi suficiente para protegê-lo. O cinegrafista era casado e pai de três filhos. Ele será enterrado às 11 horas desta segunda-feira no Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio.
Entre os presos na operação, está o gerente do tráfico local, Renato José Soares, conhecido como BBC, e seu braço direito, Leandro Ferreira de Araújo, o China. No confronto com policiais militares, quatro homens foram mortos além do cinegrafista da Band. Segundo a polícia, são traficantes que enfrentavam a polícia.
A polícia apreendeu um fuzil AR-15, três pistolas, quatro carregadores de fuzil, cinco rádios transmissores, um quilo de maconha e 1,5 mil trouxinhas da droga, 2 mil papelotes de cocaína e 100 pedras de crack. Foram apreendidos ainda 3,1 mil reais em dinheiro, dez motocicletas e um celular.
Policiais militares do batalhão de Santa Cruz (27º BPM) estão reforçando o patrulhamento na região com agentes do Choque e de outras duas unidades da PM na zona oeste. A Polícia Militar reiterou que "lamenta profundamente" a morte do cinegrafista da Band, manifestando solidariedade à família dele e a de outros profissionais de imprensa.
De acordo com a corporação, o objetivo da operação era checar informações da área de inteligência do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de que haveria uma reunião de líderes do tráfico fortemente armados no local.
Despedida - Gelson Domingos será enterrado nesta segunda-feira no Cemitério do Carmo, na zona portuária do Rio. O cinegrafista sempre se destacou na cobertura de operações policiais e, de acordo com nota publicada no portal de notícias do Grupo Bandeirantes, era conhecido pela experiência e cautela no trabalho.
Gelson trabalhava na emissora desde setembro, no programa Brasil Urgente Rio. Em 2010, ele recebeu menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria TV, com o documentário “Pistolagem: Tradição ou Impunidade?”, feito em parceria com o repórter Paulo Garritano e exibido pela TV Brasil.
Alvo - O cabo Gomes, do Bope, que participou da ação, disse que ele era o alvo do tiro que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Gelson Domingos. "O tiro que pegou o Gelson era para mim", disse, muito abalado.
O tiroteio começou cedo, por volta das 6h, quando oito policiais, acompanhados de jornalistas, foram recebidos a tiros. Em determinado momento o grupo se separou. A maioria ficou protegida por um muro. O cabo Gomes atravessou a rua e foi seguido por Gelson. Os dois estavam protegidos apenas por uma árvore. Os traficantes dispararam dois tiros de fuzil. O primeiro acertou a árvore e o segundo, o cinegrafista.
Segundo testemunhas, o atendimento a Gelson demorou cerca de 20 minutos, já que o tiroteio continuou com intensidade mesmo depois de o cinegrafista ter sido socorrido. A Polícia Civil vai analisar as filmagens de Gelson para ver se o grupo de quatro pessoas que ele filmara e que posteriormente fez os disparos é o mesmo que foi morto em seguida.
Pesar - A morte do cinegrafista foi lamentada pela TV Bandeirantes, pela Presidência da República, pelo governo do Rio de Janeiro e por entidades que representam e defendem a imprensa. "O trágico episódio reforça em toda a sociedade o sentimento de gratidão e de solidariedade a todos os profissionais de todas as categorias que, como Gelson, arriscam-se em suas tarefas diárias em prol dos brasileiros", informa a nota divulgada pela Presidência.
Agência Estado/ Revista Veja
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